Ovinocultura Brasileira: Cenário E Dificuldades Encontradas
O consumo de carne ovina no Brasil ainda é tímido se for comparado ao de outras carnes como a bovina, suína e a carne de frango. No entanto, isso não significa que a ovinocultura brasileira seja pouco importante para o agronegócio: em todo território nacional, mais de 18 milhões de ovelhas são fonte de renda para famílias e produtores de pequeno e médio porte.
Hoje, com os avanços tecnológicos na agropecuária nacional, a ovinocultura desponta como uma atividade cheia de potencial. Um potencial animador, na verdade. Tanto para se expandir quanto para buscar diversidade de mercados dentro e fora do país.
A Pecuária Ovina De Corte Pelo Mundo
Oceania Lidera Exportação Da Ovinocultura Mundial
Nova Zelândia e Austrália são países campeões em relação à ovinocultura. Juntos os dois países da Oceania exportam carne de cordeiro para mais de 60 países.
Mas nem sempre foi assim!
A Nova Zelândia tem uma história muito particular com a ovinocultura. Nos anos 70 e 80, quando a fibra sintética substituiu a lã na indústria têxtil, os neozelandeses se preocuparam com o colapso da produção ovinocultura de lã que era uma das sustentações econômicas do país.
Como solução, a Nova Zelândia se dedicou à criação de uma intensa campanha de marketing, aliada à aplicação de tecnologia avançada, passando a produzir ovinos de corte: sempre focando em garantir produtividade e qualidade acima da média.
Com essa receita de sucesso, o país conseguiu competitividade para seus produtos ovinos, tornando-os referência no mundo inteiro.
A Europa no Topo da Lista de Maiores Consumidores
Por outro lado, o título de maior importador fica com os países europeus. Principalmente nações do Reino Unido.
Este fato se dá por questões culturais. A carne ovina não é apenas bem enraizada na gastronomia europeia como também está ligada aos costumes religiosos. Sendo assim considerada uma carne para ser servida em ocasiões festivas e especiais.
Diferentemente da Nova Zelândia e da Austrália, que são os maiores exportadores e estão no ramo do corte da ovinocultura, a Europa se dedica mais a consumir a carne dos cordeiros, produzindo mais expressivamente o leite e seus derivados.
Nesse contexto, a Europa tem um status de importância para a ovinocultura do mundo todo. Afinal, trata-se de um continente importante em questões de mercado e economia, interferindo direta e indiretamente em mercados internacionais a depender de suas políticas econômicas e sanitárias.
Como a América Latina se posiciona na Ovinocultura?
Na América Latina, o maior produtor de carne ovina é o Uruguai. Exportando, inclusive e principalmente, para o Brasil. Argentina e Chile ajudam a compor o time de grandes ovinocultores sul-americanos.
O Brasil importa cerca de 8 mil quilos de carne ovina uruguaia por ano. Isso ocorre por conta da baixa produtividade que o setor de ovinos enfrenta no país. Mas também indica um mercado consumidor ativo, ainda que seleto.
O Brasil vai comer mais Carne Ovina?
O Brasil já está comendo mais carne ovina! O cordeiro se popularizou entre brasileiros, embora não seja uma carne típica da culinária nacional. Esse fato é reafirmado pela oferta e procura.
Se o volume de importação da carne ovina no Brasil chega a 70% a depender do ano, a conclusão é que: sim, existe mercado, mas não há uma produção ovina eficiente, mesmo em condições climáticas, territoriais e culturais propícias.
A notícia boa é que com tantos estudos indicando a existência de um mercado de carne ovina promissor, muitos produtores rurais estão estudando formas de fazer com que a criação de ovelhas seja de fato uma atividade lucrativa e independente deixando de ser apenas um ofício complementar.
O ruim é que mesmo com potencial produtivo, o pecuarista brasileiro ainda está encontrando entraves significativos que não permitem que o setor avance como poderia.
O que impede o Crescimento da Ovinocultura Brasileira?
Entre os principais empecilhos que estagnam a ovinocultura brasileira está a falta de regulação dos frigoríficos nacionais especializados para o abate ovino e regulamentados segundo a legislação vigente.
Os abatedouros especializados em abate de cordeiros se concentram, em grande parte, no Rio Grande do Sul. Nos demais estados, os frigoríficos qualificados se localizam, muitas vezes, longe das propriedades rurais criadoras de ovinos.
Esta realidade de pouca acessibilidade desemboca no problema do abate clandestino que acaba manchando a fama da carne ovina brasileira e impossibilitando a expansão do setor.
Como a Tecnologia pode ajudar
A ausência de tecnologia é outra questão que torna a ovinocultura incipiente no Brasil. A ovinocultura brasileira ainda é muito rudimentar e cabe aos produtores a busca por soluções que impulsionem a atividade nesse sentido.
Quanto ao mercado, que é o fator que ainda pode intimidar o produtor do Brasil, há uma máxima que efetiva de forma simples a situação da ovinocultura no brasileira: sempre haverá mercado para produtos de qualidade. Basta que essa qualidade seja conseguida com mais tecnologia, padronização e regulamentação.