O que fazer para evitar o impacto do período das secas?
Para a pecuária, o período das secas é o mais crítico. Nessa época, é produzida apenas cerca de 30% da matéria seca anual. Uma redução drástica, visto que os 70% restantes são produzidos durante o período das águas. Esse dado revela porque é tão difícil a manutenção do gado no pasto e o motivo do retorno financeiro parecer reduzido nesse período.
Mas não precisa ser sempre assim!
Embora o período das secas juntamente com os impactos econômicos causados pela pandemia de Covid-19 têm sido a preocupação do produtor com relação ao preço do boi, existem formas de amenizar o prejuízo. Afinal, o pecuarista moderno sabe que com preparação, é possível evitar os impactos negativos causados pela escassez das chuvas na pecuária. O que é preciso para isso? Buscar o máximo da eficiência produtiva dos animais com planejamento e uma boa gestão.
A pecuária conforme a visão dos especialistas
Segundo a Scot Consultoria, houve um aumento na oferta do boi gordo devido ao fim do período das chuvas, que sempre indicam a redução da qualidade das pastagens e dificuldade de mantença do boi no pasto. Ou seja, o produtor com dificuldade durante esse período vai optar por vender os animais. E essa é uma realidade muito comum no Brasil.
Apesar disso, a demanda interna foi enfraquecida e ao mesmo tempo continuou incerta, devido à crise anunciada pela chegada do coronavírus. Com a pandemia, bares, restaurantes, e outros estabelecimentos que contribuem significativamente no mercado de carne bovina reduziram a demanda. E isso é, de fato, preocupante. Mas o preço da @ tem sofrido discretas alterações de valor em comparações diárias, e deve sofrer melhoria durante a safra.
Em contrapartida, a exportação da carne bovina segue com excelentes resultados, ainda superiores aos obtidos no ano anterior. Além disso, com o maior rebanho comercial do mundo, o Brasil tem vantagem sobre os EUA, por exemplo, que sofre com problemas relacionados à produção.
Por isso, a principal forma de comercialização da carne bovina permanece sendo feita pelo setor de exportação. Em negociação com a China, principal país comprador de carne bovina brasileira, o preço da @ do boi chega a R$10 acima da referência.
O que fazer para manter o gado no pasto durante o período das secas?
A palavra ideal é: NUTRIÇÃO! O primeiro ponto para gerenciar um rebanho nesse momento é ter em mãos um planejamento feito antes do início do período das secas e segui-lo à risca. Esse período pode variar conforme as regiões, e sua principal influência é na qualidade das pastagens oferecidas como alimento ao rebanho.
Uma das consequências possíveis decorrentes da pastagem de má qualidade é o efeito sanfona. Que ocorre quando o animal não é nutrido de forma adequada e reduz o ganho de peso diário, perdendo em carcaça parte do que adquiriu durante o período das águas. Daí o perigo de manter o gado no pasto sem planejamento nutricional. A falta de planejamento pode ocasionar a perda de produtividade e qualidade produtiva.
O que o pecuarista pode fazer para evitar o efeito sanfona no período das secas?
O efeito sanfona representa um grande risco para o insucesso da produção. Gera custos sem retorno e mantém o animal distante das suas exigências nutricionais. Mesmo que o produtor se empenhe durante o retorno do período das águas, a quantidade de ganho de peso do animal será mínima e até mesmo zerada.
Um bom planejamento é aquele que oferece o manejo de pastagens ideal para o seu sistema. A partir dele, o gado poderá ter forragem disponível e de boa qualidade durante o ano inteiro utilizando pastejo rotacionado, por exemplo. Dessa forma, o objetivo é aumentar ao máximo a eficiência da conversão alimentar desses animais.
Para um melhor aproveitamento das pastagens e estabilidade do ganho médio de peso diário, o pecuarista pode e deve optar pelo uso de suplementação animal. Com a suplementação será mais fácil lidar com as mudanças climáticas e seus efeitos sobre a produção. Além disso, a oferta de água limpa e de qualidade também contribui para o consumo de matéria seca e deve ser avaliada de forma periódica.
O que esperar para os próximos meses?
Ao comparar os valores de consumo interno doméstico dos meses de março e abril, foi possível observar uma queda de 4,2%, e esse foi o menor valor desde novembro de 2019. Apesar disso, a exportação segue com ótimos resultados e serve como forma de garantia de um mercado relativamente mais estabilizado.
Com a dificuldade para manter o gado no pasto, a oferta de boiadas para abate tende a aumentar. Aliado a isso, os especialistas alegam que os pecuaristas, que negociarem venda de bois no segundo semestre do ano, encontrarão preços mais atrativos durante a safra.