Saúde Bovina: Ameaças E Prevenção!
O mercado moderno anseia qualidade quando o assunto é pecuária e os excedentes comercializados por essa atividade. Nesse sentido, a rentabilidade de qualquer propriedade rural dependerá da garantia de um bom produto. A garantia deste, por sua vez, mantém relação direta com a saúde bovina. Adotar um manejo sanitário adequado, que possibilite as condições necessárias para assegurar a saúde do gado, é fator determinante no desempenho do negócio pecuário.
Ameaças À Saúde Bovina
Existem doenças infecciosas, bacterianas, virais ou parasitárias que podem ameaçar a saúde do rebanho e, consequentemente, comprometer a produção. Elas afetam o aparelho reprodutivo de machos e fêmeas, impedindo a fecundação, causando abortos, repetições de cio, além do nascimento de animais com porte inferior à média. Nesse contexto, o controle visando a prevenção de machos e fêmeas é de fundamental importância para se obter maior número de nascimentos de bezerros e, desta forma, obter maior rentabilidade.
Febre Aftosa
Causada por um vírus e com alto potencial contagioso, a aftosa é percebida no animal através de febre alta e de feridas na boca e nos cascos. É uma doença com capacidade de abalar a economia pecuária do país. Uma das principais prevenções contra a febre aftosa é a vacinação com o vírus inativado. A vacina tem sua efetividade ativada a partir de 14 a 21 dias após a sua aplicação e não funciona se o animal já estiver infectado. Aconselha-se conservá-la entre 2 e 8 graus e animais sadios devem ser sempre vacinados.
Clostridiose
Clostridioses, na verdade, é o nome dado para classificar doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium: a mais importante no Brasil é o carbúnculo sintomático. Típica em animais jovens (até 2 anos), a doença evolui em média de 24 a 48 horas, quando os animais costumam ser encontrados mortos na pastagem com sangramento pelas cavidades naturais do corpo e com inchaço do cadáver.
A prevenção das clostridioses se dá através das vacinas polivalentes (protegem contra várias doenças ao mesmo tempo). A aplicação é feita no pré-parto, no nascimento, na desmama , aos 12 meses de idade e, em animais adultos, ela é aplicada uma vez ao ano.
IBR, BVD, PI3 e BRSV
Tratam-se de viroses que, normalmente, estão associadas à doenças respiratórias e à perdas reprodutivas em bovinos. A prevenção contra essas doenças é feita com vacinas polivalentes e a aplicação é feita aos três meses de idade, com reforço 30 dias depois e com revacinação anual em dose única.
Pasteurelose
É uma doença infecciosa aguda que causa febre, perda do apetite, redução no ganho de peso, diarreia sanguinolenta, aumento significativo da frequência respiratória e prostração. A prevenção é feita por vacina polivalente. Além de animais adultos, sua aplicação se faz também no pré-parto e no bezerro entre 15 e 30 dias de vida.
Salmonelose
Também chamada de paratifo, a salmonelose é mais comum em animais jovens. Pode provocar febre, diarreia, desidratação, apatia, diminuição do apetite, sintomas respiratórios, causar perdas reprodutivas e septicemia(infecção no sangue) em bezerros recém-nascidos. Existem antibióticos para o tratamento da doença, mas é recomendada a prevenção por meio da vacinação. A vacina é aplicada na vaca no pré-parto (8° mês de gestação) e no bezerro entre 15 e 30 dias após o nascimento.
Tricomonose
Contagiosa e sexualmente transmissível, a doença costuma estar presente em produções que optam pela método reprodutivo da monta natural. Pode resultar na morte embrionária precoce, com repetição de cio a intervalos irregulares, abortos, além de infecções após a cobrição. O controle pode ser feito de duas formas: tratamento individual dos touros positivos ou descarte dos touros infectados.
Ecto e Endoparasitos
O gado bovino também pode ser atingido por doenças parasitárias tanto no interior do animal quanto em sua superfície. Dentre as mais recorrentes, estão:
Mosca-dos-chifres
É uma espécie de mosca hematófago. Ou seja, o parasita se instala na parte superficial do animal para se alimentar do seu sangue. O controle biológico auxiliar consiste na introdução do besouro africano (Onthophagus gazella), o rola-bosta, no ambiente e na destruição dos bolos fecais, onde se alojam as larvas da mosca. Quando há infestação, inseticidas são aplicáveis.
Carrapato
O carrapato Rhipicephalus Boophilus microplus, além de provocar ações irritantes, hematófagas, tóxicas e provocar lesões do couro do animal, também pode transmitir dois gêneros de agentes infecciosos: a rickettsia Anaplasma sp. e o protozoário Babesia sp., responsáveis pela doença denominada de “tristeza parasitária bovina” (TPB). O controle é feito com produtos químicos que deve ser realizado a partir de setembro (início da temporada chuvosa) e deve ser refeito a cada 5 meses, com 21 dias de intervalo.
Zoonoses: O Que São?
São chamadas de zoonoses aquelas doenças que são transmitidas para o ser humano através dos animais. As principais zoonoses bovinas são:
Brucelose
Doença bacteriana que interfere na reprodução, provocando aborto, repetições de cio, nascimentos prematuros e queda na produção de leite. O controle e a prevenção da brucelose são feitos através da vacinação das fêmeas e do sacrifício dos animais positivos. A vacinação, que está se tornando obrigatória em vários estados brasileiros, é aplicada em dose única e somente em fêmeas de 3 a 8 meses.
Raiva bovina
É uma doença infecto-contagiosa do sistema nervoso causada por um vírus e transmitida por morcegos hematófagos. A raiva costuma ser fatal tanto para o homem e o gado. Desta forma, a vacinação contra essa doença é de extrema importância. A aplicação é anual e feita em todo o rebanho, independendo da idade.
A vacinação contra essa doença bovina só é feita em regiões onde existem colônias permanentes de morcegos sugadores de sangue. A vacinação se torna obrigatória quando aparecem focos esporádicos da doença em certas regiões. A aplicação da vacina é anual e feita em todo o rebanho, independentemente de idade.
Campilobacteriose
Anteriormente conhecida como vibriose, é uma doença causada pelo agente Campylobacter fetus venerealis, costuma ser transmitida pelo touro contaminado no momento da cobertura. A bactéria gera uma inflamação na mucosa uterina da vaca, podendo causar infertilidade temporária e morte embrionária precoce. O sacrifício dos touros diagnosticados como positivos é uma estratégia de controle da doença.
Leptospirose
É uma doença que provoca uma preocupação de ordem econômica, pois tem grande influência na queda produtiva por afetar o potencial reprodutivo bovino. O tratamento do rebanho é feito com a vacina que deve ter sua primeira dose aplicada entre 4 e 6 meses de idade e com reforço quatro semanas depois. O gado deve ser vacinado semestralmente.
Tuberculose
A doença provoca lesões em diversos órgãos e tecidos do animal, emagrecimento acentuado e tosse. Os animais contaminados devem ser abatidos. Animais reagentes positivos deverão ser isolados de todo o rebanho e sacrificados no prazo máximo de 30 dias após o diagnóstico.
Prevenção: Fatores Que Influenciam No Bem Estar Animal
Um rebanho com a sanidade comprometida resulta em uma fazenda com a rentabilidade comprometida. Por esta razão, diversas práticas de manejo devem receber especial atenção para garantir o desempenho do seu gado e, por conseguinte, do seu negócio. Entre elas, fique atento:
Vacinação
É um fator determinante para a imunização do seu rebanho. Cabe ao produtor rural se manter atualizado sobre as vacinas e vermífugos que devem ser aplicados e/ou que já foram aplicados na sua criação. As necessidades de vacinação podem variar de acordo com a região, o tipo de produção e a fase da vida do animal.
Nutrição Animal
A alimentação é fundamental para se obter uma criação de qualidade. O pecuarista deve se atentar às necessidades do animal, da produção e criar uma nutrição bovina balanceada. Para isso, o produtor pode contar com o auxílio de suplementos e vitaminas.
Higiene Do Local De Confinamento
Outra questão importante é o local onde o animal fica. Desde a criação em criação em confinamento à criação a pasto, higienizar o ambiente e fazer a limpeza do gramado, a fim de evitar pragas e proliferação de doenças, são atitudes essenciais para garantir a sanidade do animal
Planejamento Sanitário
Planejamento é necessário. O produtor deve estudar, saber de quais ameaças deverá defender a sua fazenda: endoparasistas, ectoparasitas, zoonoses, doenças bacterianas e/ou viroses. O planejamento sanitário é importante pois consiste em pensar a sanidade animal enquanto se pensa aspectos estruturais e produtivos. Desta forma, a saúde bovina será garantida sem isso representar prejuízos advindos da falta de organização.